terça-feira, 27 de setembro de 2011

ALÉM DO BOJADOR

Como as águas de um rio qualquer que flui,
Moldei-me às pedras, ignorei obstáculos.
Adaptei-me à margens estreitas,
desagüei,
simplesmente fui.
Hoje, sou como as águas do mar.
Revelo minha alegria num constante vai e vem,
Compartilho do sal porque me fora dado muito,
Todavia, reservo meus mistérios aos que me convém.
Eu me esquivo,
Rolo,
Quebro na praia,
beijo as areias quando quero.
E nesse quebrar sei ser bonita
e não ser o que eu mesma espero.
Retorno à mansidão.
Essa sim é uma conquista!
Hoje eu tenho uma direção.
Não me preocupa se há ou não terra à vista.
Tornando a desejar,
eu me permitirei outro beijo.
Agora, por causa da fé,
Dou-me a qualquer ensejo,
Tenha ele o tamanho que tiver.
Ainda que não saiba muito bem o que está por vir,
Conto com as profecias
de um tempo que anuncia
através de certos sinais,
se serão noites ou dias,
Se enfrentarei tempestades, ou viverei a calmaria,
O renovo do verde, a chegada da paz.
O desafio é manter-me límpida para a linha perene que eu não tracei.
Virão inevitavelmente as tormentas,
e haverá abismos cá por dentro,
Feras devoradoras de sonhos,
Marujos exploradores que se julgam superiores ao tempo,
Austera serei!
No mais profundo dessas águas que fluem de mim, há poder!
Estando à esmo, haverá certeza de que ei de traspassar, transcender.
Bem como o sublime não se faz bonito,
Assim O CÉU encontra os espelhos meus.
Se hoje meu risco é o infinito,
O esplendor das minhas águas é reflexo da glória de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário