segunda-feira, 14 de outubro de 2013

VIOLEIRANDO BRASIL 2013

“VIOLEIRANDO BRASIL” fez de novo Porto Murtinho a capital da viola

Na fronteira onde o Brasil “é” Paraguai (com o perdão do Paulo Simões), os "Sonhos Guaranis" se renovam e se ampliam, alongando-se nas cordas e tons das harpas e das violas, no embalo irresistível do cateretê e da polca, do rasqueado e das toadas, do chamamé e da moda pungente. Em Porto Murtinho, sexta-feira, 11, e sábado, 12, quem foi ao Cine Teatro Ney Machado Mesquita ou ao Teatro de Arena Astério da Conceição gozou o privilégio de viver momentos únicos de celebração da latinidade caipira com o "Violeirando Brasil", que reuniu 20 dos maiores violeiros e instrumentistas do Brasil.Lá estavam, simplesmente, Marcelo Loureiro, que dispensa apresentações: Júlio Santin, médico, violeiro e um dos principais pesquisadores do universo cultural caipira do país; Baiano, Paulinho do Pandeiro, Agnaldo da Viola, Vinícius de Azevedo, Mariano da Viola, Mílton Araújo (sobrinho de Helena Meireles), Jesus de Burarama, Cícero Gonçalves e Deni & Jr, entre outros.
VITÓRIA - Com acesso livre ao povo, numa vitoriosa empreitada da administração do prefeito Heitor Miranda dos Santos, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Local, as duas noites sobraram em emoção e arrebatamento, diante da virtuose, da simplicidade e da força poética de músicos, menestréis e intérpretes que dão sustentação ao que de melhor existe na cultura musical desta porção latino-americana.
Antes da sua apresentação Marcelo Loureiro disse que a dedicaria ao violonista Orlando Brito, como quem, recordou, chegou a tocar umas duas ou três vezes. Marcelo sobrou em simplicidade e alegria. Não hesitou em atender ao chamado dos adolescentes da Orquestra Municipal de Violões e integrou-se ao grupo em três canções de forte apelo fronteiriço: as paraguaias “Mercedita” e “Virgencita de Caacupê” e a bela “Sonhos Guaranis”, de Paulo Simões, as duas últimas com a interpretação vocal da secretária de Turismo, Conceição Montanheri. Ao fechar a primeira noite, Marcelo e o baixista Fábio Coelho emocionaram o público. Ao violão, na viola caipira e na harpa, Marcelo mostrou porque é considerado um dos maiores, mais versáteis e criativos instrumentistas do mundo, com estilo único e impecável.
Os demais protagonistas também se destacaram, cada um com seu próprio e fascinante talento. Todos consagrados, com obras em canções e pesquisas de valor inestimável, reafirmaram o poder das letras, das melodias, do improviso e da mensagem intimista e universal da música de raiz. O médico e violeiro Júlio Santin divide-se entre a Medicina e a música, à qual se dedica como instrumentista e escritor. Baiano, Paulinho do Pandeiro, Agnaldo da Viola, Vinícius de Azevedo, Mariano da Viola, Cícero Gonçalves e Deni & Jr premiaram brasileiros e paraguaios com execuções instrumentais e interpretações magníficas. Com a poesia penetrante de cordel e uma exposição de suas pesquisas sobre as origens e os desafios do caipira, Jesus de Burarama ilustrou outro instante nobre do evento. Ele é criador do Caipirapiru, um dos mais importantes encontros de violeiros de São Paulo.
Marcão Azevedo é outro caso a parte. Nunca coadjuvante. Ele acompanhou ao violão diversos violeiros, com técnica admirável, conhecimento de causa e infinita simpatia. Seguramente, é um dos melhores entre os melhores do gênero. Mílton Araújo, outro estilo singular, exibiu seu talento com as cordas e executou canções com a “pegada” característica de sua tia, a inesquecível Helena Meireles, de quem está juntando todas as informações, reportagens e depoimentos num profundo trabalho de pesquisa.

SEGUNDA VEZ - Esta foi a quarta edição do “Violeirando Brasil”, segunda em Porto Murtinho e terceira no Estado. Em 2012, os violeiros se apresentaram em terras murtinhense no mês de fevereiro. E em dezembro, durante o 5º Encontro do Folclore Toro Candil, foi a vez de Amambai. O projeto une violeiros, compositores, escritores e pesquisadores da cultura caipira e das músicas de raiz brasileiras. Foi concebido por múltiplas mãos em São Paulo, mas partilhado por músicos e produtores culturais de diversos estados, entre os quais Mato Grosso do Sul.
Uma de suas maiores entusiastas, Conceição Montanheri foi personagem decisiva para garantir aos murtinhense mais uma edição do projeto. Ela e o prefeito Heitor, juntamente com os gerentes de Cultura, Elizete Guimarães, e de Turismo, Leandro Garcia, convenceram os dirigentes do projeto a fazer novo giro pela fronteira durante o feriado.

Fonte: Edson Moraes




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